quinta-feira, 10 de julho de 2008

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Por alguns poucos motivos encerro as atividades desse blog, primeiro não é por falta de tempo, segundo, não é por má vontade também, terceiro nem sei descubra você que vai ler. Pra que tenho de me dar ao trabalho de explicar se eu talvez já saiba o por quê.
umas últimas dicas de leitura e GAME OVER. não apagarei o blog, ele vai continuar aqui, como uma pedra no meio do caminho que ninguém quiz tomar, mas ainda lá. Mesmo muitas filosofias digam que o que não é assistido por um humano não exista, essas poucas palavras continuarão aqui. Por Quê? Não sei também, mas na dúvida, acredite.

http://www.rizoma.net/interna.php?id=142&secao=esquizofonia

POLÍTICAS POP
Rebelião Punk, Pop-subversão, Tecno-dissidência e outras batalhas perdidasOliver Marchart (1)O presente artigo foi escrito como introdução a uma palestra por ocasiâo do festival musical e de cultura pop Sounds Fair, de 1996, em Viena. portanto, não é um texto que pretende fechar questões e sim lançá-las para depois serem discutidas. O autor polariza elementos importantes para as políticas pop (teoria e práxis, rebelião e subversão) e demonstra grande liberdade e coragem crítica ao colocar, senão em questão, ao menos na zona de tiro, autores consagrados pela cena pop. Em tempos de mistificação acrítica, são bastante oportunas as colocações aqui apresentadas. Redimensioná-las para a realidade brasileira é um exercício importante para aqueles que se pretendem atores do processo cultural em nosso país.Álvaro Filho para o festival Sounds-fair 1996 (Viena) A conferência tratará das chamadas práticas políticas subculturais – ou seja, a Política e respectiva teoria (“orgânica” e acadêmica) das culturas juvenis, as quais se definem principalmente pelo conceito de “pop”. Uma discussão teórica sobre subcultura e cultura popular, se não desejar tornar-se cega perante sua própria posição, deve, hoje, partir da crescente capacidade de transferência dos teóricos ao “pop” (os especialistas dos cultural studies são ligados em cultura juvenil) e do “pop” aos teóricos (o pessoal do Force Inc. (2) está grudado em Deleuze/Guattari). Por trás de toda prática de política pop está uma Teoria, tão “orgânica”, isto é, tão inconsciente ou possivelmente trivial ela possa parecer (desde os famosos livrinhos da MERVE [3] às entrevistas da “BRAVO” [4] ). Os “intelectuais orgânicos” das subculturas (Fanzineiros, donos de selos mucicais, proprietários de clubes e demais agitadores [sub]culturais) utilizam-se da Teoria em suas políticas (na intenção de provocar rebelião, subversão e dissidência) sabidamente não apenas como instrumento, mas, também como arma. O que importa aqui não é uma leitura “correta” da mesma, e, sim, prática. Este down-loading de certas visões equívocas da Teoria serve como assumida equipagem bélica e para a interpretação das próprias práticas subculturais. Por outro lado, os acadêmicos da cultura pop fazem up-load do ar fresco da subcultura em seus gabinetes empoeirados. O armamento com bases teóricas não deve ser subestimado, pois garante sobretudo a jovens da classe média o efeito de distinção perante a cena subinformada: o ambiente estudantil, p. ex., distancia-se através de intensa reflexão da atitude “porra-louca” de certos grupos, entre outros. Deve-se saber o que agrada a quem. A distinção (seja comercial, social ou política) está diretamente relacionada ao reconhecimento da credibilidade. A mesma credibilidade, uma vez perdida, poderá possivelmente ser reconquistada através de uma nova tomada de consciência (o último cd da banda “Die Fantastischen 4” [5] marcou uma grande tentativa de reinvestimento industrial em um pouco de credibilidade). Entretanto, ela poderá ser reconquistada não somente no meio musical, mas também numa repolitização da própria posição, através de um reinvestimento em ações na bolsa de valores da subversão, no radical chic, etc. Aqui acontece um movimento (do Rock ao Punk, do Pop ao Techno) que, partindo da simples rebelião, passa a usar processos argumentativos de fundamentação intelectual cada vez mais sofisticados. É mais fácil perceber que o conceito de mera rebelião não funciona do que enxergar tal problemática no conceito de subversão, já que este não considera uma lógica de funcionamento, da eclosão real de ações arriscadas. Por isso, o aparato de fundamentação teórica para práticas “subversivas” deve ser muito maior, pois a sua efetividade é constantemente contradita pelo desenrolar das relações sociais. Assim eram os anos 80 no que diz respeito à teoria pop. Entretanto, aquele mesmo pop indiferente ao gesto rebelde, era subversivo. O pop pós-político, como Steve Redhead o denominou, resguardaria os “elos perdidos entre a música popular e a dissidência.”, exatamente por não deixá-los explícitos. O Manchester Institute for Popular Culture (6), com Redhead, segue a tradição que vai de Bachtin a DeCerteau, de Hall a Fiske, os quais atribuem ao “popular” um secreto poder de subversão. A política pop-subversiva recorre constantemente a esta força. O mesmo suposto poder de subversão foi ocasionalmente levado ao histerismo: “Nós precisamos de mais estímulo, muito mais tempo de publicidade, carros, moda pop hedonista e mais uma vez pop” – como poetizou naquele tempo Rainald Goetz (7). Se acelerássemos bastante, chegaríamos no fim do pop com o grupo terrorista RAF (8). Esta estratégia de “sobre-afirmação” (e o conceito de dialética hegeliana a ela subjacente) foi exaurida em todas as variações durante os anos 80 com nomes como Jeff Koons ou o movimento da NSK (9) e a banda de extrema direita Laibach (10). Porém, enquanto os alegres ícones da pop-subversão dos 80 estão há muito sob proteção ambiental, foram encontrados argumentos novos e mais inteligentes para cozinhar a discussão sobre os soundtracks pós-estruturalistas (à la Mille Plateaux) de Deleuze/Guattari. Em tempos de techno-paradigma, o duo cômico do pós-estruturalismo não é mais convocado para o ajuste teórico das próprias micro-polícicas e políticas de minoria, reais ou imaginadas (como na década de 80, conhecidamente o tempo dos new social movements), mas para a evocação dos fluxos libidinosos liberados no sentido da esquizo-política psicodélica do tipo “retrô” anos 60 e 70. Desta feita, muitos textos teóricos afirmativos sobre techno, raves e Warehouse Parties – ao menos aqueles da fase heróica – referem-se a fenômenos de desterritorialização como a libertação das fronteiras do corpo, desindividualização dançante, deshierarquização da relação entre DJ e multidão, democratização dos meios de produção, etc. Por trás disso tudo está a esperança em relação a práticas de significação não-fixadoras com força anti-autoritária, da forma em que foram alimentadas por Deleuze e Guattari e que são hoje, segundo dizem, reencontradas nas “raves”. A intenção deste debate é, utilizando exemplos de textos, refletir sobre estes três tipos de política, a saber: a política punk, a pop e a techno – no sentido de uma apreciação crítica. Notas 1. Oliver Marchart nasceu em Viena (Áustria) em 6.4.1968. Intelectual extremamente ativo em Estudos da Cultura, participa do “Internationales Forschungszentrum Kulturwissenschaften” (Instituto Internacional de Estudos da Cultura) em Viena. Foi premiado com o “Sonderpreis zum Österreichischen Staatspreis für Literaturkritik” (premiação oferecida pelo estado austríaco por trabalhos na área de crítica literária). Desde 1998, é membro do editorial coletivo do 'Traces: A Multilingual Journal of Cultural Theory' . É autor, entre dezenas de outras obras, do livro “Neoismus. Avantgarde und Selbsthistorisierung” (Neoismo. Vanguarda e Autodeterminação Histórica, já nos meus fornos de tradução para o Português) editado em 1997 pela editora Edition Selene, 2. Site do Force Inc.: http://www.force-inc.net/fim/ 3. Editora alemã especializada em Michel Foucault, Deleuze, Baudrillard, Virilio, Lyotard, Pós-estruturalismo, Arte, Estética e Ética. Quem quiser ouvir o texto “Voici ce que je veux dire” de Foucault (RealAudio Player) é só visitar o site da editora: http://www.merve.de 4. A Bravo é uma revista alemã de cultura e música pop muito lida por adolescentes. O endereço: http://www.bravo.de/sid05-aaahFZVcSG2f12/bravo 5. “Die Fantastischen 4” (Os 4 Fantásticos) é uma banda alemã de bastante sucesso, entre o pop e o hip-hop. Como o texto aqui traduzido foi escrito em 1996, o autor refere-se ao cd duplo “live und direkt – die fantastischen 4” (columbia/sony music entertainment/ germany). O endereço da banda é: http://www.diefantastischenvier.de 6. O MIPC é um instituto ligado à “Manchester Metropolitan University” e propõe-se a ser uma unidade de pesquisa multi-disciplinar, concentrada em culturas urbanas contemporâneas. Visite o site: http://www.mmu.ac.uk/h-ss/mipc/ 7. O escritor Rainald Goetz nasceu no ano de 1954 em Munique (Alemanha) e vive atualmente em Berlim. Autor pop premiado e performático, escreveu peças teatrais (em destaque a estranha “Jeff Koons” [1993] e “Raves”, que saiu como livro de contos e peça teatral [1999/2000], entre outros); o diártio digital, depois editado em livro, “Abfall für alle” (Lixo para todos)[1999] e várias poesias. 8.A sigla RAF está para “Rote-Armee-Fraktion” (Facção Armada Vermelha) grupo terrorista de extrema esquerda que surgiu em fins dos anos 60 e se desfez oficialmente em abril de 1998. Uma parte de seus membros já morreu, outros estão presos e alguns ainda são procurados pela polícia com suas fotos em cartazes de “procura-se” afixados em estações de metrô e demais locais públicos. Um site que tem praticamente tudo sobre a RAF (em Alemão, mas parece ter uma versão em Inglês, ao menos de parte do conteúdo) é o que está sob o endereço: http://www.rafinfo.de/kapitel_00.shtml9. NSK é a sigla para “Neue Slowenische Kunst” (Nova Arte Eslovena) - movimento de arte política eslovena (extrema direita). 10. Laibach é uma banda de extrema direita fundada em 1980 em Trbovlje (Eslovénia) por dois ex-membros do exército iugoslavo (Tomaz Hostnik e Miran Mohar). O grupo foi o braço musical da NSK [9]. Traduzido do Alemão por Álvaro FilhoCríticas construtivas, sugestões, reflexões e, evidentemente, elogios (apenas quando merecidos) são bem-vindos:alvaroaraujo@hotmail.com Fonte: Página de Oliver Marchart (www.t0.or.at/~oliver/).


TESES SOBRE A REVOLUÇÃO CULTURAL Publicado no # 1 de Internacionale Situacioniste (1-VI-1958). Tradução para o espanhol por Luis Navarro. Traduzido do espanhol. 1 O objetivo tradicional da estética é fazer sentir, na privação e na ausência, alguns elementos passados da vida que escapariam da confusão das aparências através da arte, posto que é a aparência que sofre o reinado do tempo. O alcance do estético se mede pela beleza inseparável da duração e tende sempre a reclamar a eternidade. O ideal situacionista é a participação imediata em uma abundância apaixonante de vida mediante a mudança de momentos efêmeros conscientemente dispostos. O logro destes momentos só pode ser seu efeito passageiro. Os situacionistas consideram a realidade, desde o ponto de vista da totalidade, como um método de construção experimental da vida quotidiana, que pode desdobrar-se permanentemente com a extensão do ócio e com a desaparição da divisão do trabalho (começando pelo trabalho artístico). 2 A arte pode deixar de ser uma relação de sensações e ser uma organização direta de sensações mais elevadas: a questão é produzirmos a nós mesmos e não coisas que nos dominem. 3 Mascolo está certo ao dizer ("Le Communisme") que a redução da jornada de trabalho pela ditadura do proletariado é "a melhor prova que pode oferecer sobre sua autenticidade revolucionária". Com efeito, "se o homem é uma mercadoria, se é tratado como um objeto, se as relações gerais entre os homens estão coisificadas, é porque é possível comprar seu tempo". Todavia, Mascolo se apressa ao concluir "que o tempo de um homem livremente empregado" se emprega sempre bem e que "o comércio do tempo é o único mal". Não há liberdade no emprego do tempo sem a posse dos instrumentos modernos para construção da vida quotidiana. O uso de tais instrumentos marcará o salto de uma arte revolucionária utópica para uma arte revolucionária experimental. 4 Uma associação internacional de situacionistas pode tomar-se como uma união de trabalhadores em um setor avançado da cultura, ou mais precisamente como uma união de todos aqueles que reclamam o direito a um trabalho agora impedido pelas condições sociais. Portanto como um intento de organização de revolucionários profissionais da cultura. 5 Na prática, nos encontramos separados do controle real dos poderes materiais acumulados em nosso tempo. A revolução comunista não aconteceu e nos achamos ainda dentro da estrutura de decomposição das velhas superestruturas culturais. Henri Lefebvre entende corretamente que esta contradição está no coração de uma discordância especificamente moderna entre o indivíduo progressista e o mundo, e chama de romântico-revolucionária à tendência cultural baseada nesta discordância, O defeito na concepção de Lefebvre reside em fazer com que a simples expressão de desacordo seja um critério suficiente para uma ação revolucionária dentro da cultura. Lefebvre renuncia de antemão a qualquer experimento tendente a uma mudança cultural profunda e fica satisfeito com um conteúdo: a consciência do (ainda demasiado remoto) impossível-possível, que pode ser expresso sem importar que forma tome dentro da estrutura de decomposição. 6 Quem quer superar a ordem estabelecida em todos os seus aspectos não pode ligar-se a desordem presente, inclusive na esfera da cultura. Deve lutar e não esperar, também no campo cultural, para fazer com que a ordem móvel do futuro seja uma aparição concreta. Esta possibilidade sua, presente já entre nós, desacredita toda expressão dentro das formas culturais conhecidas. Devem ser levadas todas as formas de pseudocomunicação até sua completa destruição para chegar um dia à comunicação real e direta (em nossa hipótese de trabalho de uma cultura mais elevada significa: a situação construída). A vitória pertencerá a quem for capaz de criar a desordem sem amá-la. 7 No mundo da decomposição cultural podemos provar nossas forças, mas não empregá-las. A tarefa prática de superar nosso desacordo com o mundo, ou seja, de vencer a decomposição mediante construções mais elevadas, não é romântica. Seremos "revolucionários românticos", no sentido de Lefebvre, na medida precisa de nosso fracasso. Texto tirado da Biblioteca Virtual Revolucionária (www.geocities.com/autonomiabvr/)(Arquivo Rizoma)